Há no mar o mistério do azul, e o profundo do negro,
há no ar o sal de descalço viver.
E nas ondas de alva espuma, as palavras por dizer,
escondem-se dos lábios por encontrar.
Na morte aparente das hortênsias, segredam-se sonhos,
murmuram-se contratempos e desencontros,
esperam-se chuvas e raios de sol, esperam-se abraços de mar.
A saber a sal, a saber a tristeza terna e esperança.
Há no mar, de azul cobalto, um olhar perdido no horizonte,
e um sopro de navio em busca de porto de abrigo.
Há o ardor da labuta de corações a mourejar,
de caudas na distancia, de tempos de intemperança,
de sonhos mortos e outros por sonhar.
E há as gaivotas sempre prontas a partir...e a voltar.
A lava negra, eriçada, de trágica e rude beleza
que embala todos os medos e a trágica fragilidade do ser.
Há no mar, revolto de fúria incontida, a certeza da presença,
a fome por matar, a sede por aventurar, a dor a espreitar,
e há o fogo em cada olhar. E há a mansidão nos pastos a verdejar.
Há o frio, o agasalho, o pão, o ralho, a mão calejada de pelejar.
E uma beleza intemporal, um sonhar acordado e um morrer a cada passo
para logo ressuscitar.
E sempre o mar, salgado mar, e o verde, de louca esperança
a invadir a alma, a vestir o corpo, a coroar cada sonho.
Há um mar, eterno e único mar, onde o mundo acorda e dorme,
onde a vida ainda vibra...Ainda acontece... Há um mar - Este mar!
Um local tranquilo onde os raios de lua, feitos palavras, lançam feitiços e enxugam lágrimas
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8 comentários:
Com muita paixão pelo mar! Como eu! Gostei. Cumprimentos!
Minha doce amiga Luar: andei por entre os poemas das tuas últimas postagens e, de um tempinho a mais, percorri o caminhos de muitos outros que mesmo já tendo visitado fui obedecendo ao comando do coração, e de novo os apreciei e depositei num cantinho da alma.
Fiquei aqui a lembrar de um determinado momento em que num dos meus comentários eu indagava o motivo de dores, saudades, tristezas, a estarem sempre presente nas tuas postagens, fiz observações e manifestei o desejo de que um dia pudesses enveredar pelo caminho da Poesia de uma forma que nos trouxesse do teu coração as flores, o luar, o canto do mar, o esvoaçar de borboletas, o canto de um regato, e todo este encanto onde a natureza consegue traduzir os sentimentos e as emoções. E descobri (e revelaste) que havia sim, motivos para te enveredares sempre por estes caminhos tortuosos de lembranças que, apesar de nos trazerem belíssimos textos, também vinham nos mostrar uma tristeza doída, uma dor persistente, um sofrimento que parece ter se aninhado na tua alma num cantinho de onde nunca será banido...
Desde um ano atrás, meu anjo, apesar do coração enlutado pela perda da minha filhinha, eu sempre encontrava conforto no amor do meu Guy, o pessoa linda de alma iluminada, coração generoso, sempre a me proteger e amparar. E agora que o perdi, bem podes imaginar como me sinto alheada de tudo, sem rumo, desesperançada, enfrentando a rotina de levantar todos os dias e ter que seguir em frente...
Digo isto, minha amiga, porque somente agora, na leitura de postagens tuas mais antigas e nas mais recentes, pude me dar conta de que muitos dos teus textos poderiam ter sido escritos por mim... Os sentimentos machucados, as emoções doídas, as sensações de perda, de desalento, de solidão, que estão sempre a permear os teus escritos, acredite, estão agora dentro de mim e também ultrapassam as barreiras e vem se mostrar nos escritos que tenho, de certa forma, camuflados em cadernos, gavetas, arquivos... Não os queria expostos, mas tenho amigos (inclusive a Aninha) que me aconselharam a colocá-los nas postagens como uma forma de desabafar o sofrimento que frequentemente tem se mostrado em muitos dos meus momentos, mesmo na clínica ou nas casas das minhas ‘crianças’ e dos meus ‘velhinhos’. É uma dor que vê comigo o raiar do sol, sem se aperceber de sua beleza, e que me acompanha dia afora até o chegar da noite onde se acentua em camadas que ao se sobrepor ficam a me mostrar as paisagens de uma solidão e de uma tristeza sem fim...
Ainda não posso ver o mar sem sentir o olhar passear por sobre as ondas a buscar lembranças de um tempo onde ficamos embalados num doce amor e ao sabor de suas ondas navegar nossos sonhos, desejos e ternura.
O texto de agora, pleno de uma magia tão bela a mostrar os polos equilibrados de um mar, que mais do que ser visto pelo teu atento olhar, foi antes vislumbrado na tua alma plena de Poesia.
Continuação...
Encanta-me o teu versejar, amiga, não me canso de dizer, e este texto a nos mostrar UM ÚNICO MAR... POR NAVEGAR, me trouxe uma apreciação ainda mais acentuada, e me fez passear por entre as imagens tão belas, tão profundas e tão significativas, e de beleza tanta, de mais um dos teus admiráveis texto.
Como ainda não consigo enxergar “as gaivotas sempre prontas a partir... e a voltar”, saio daqui levando no olhar a estranha sensação de ver “A lava negra, eriçada, de trágica e rude beleza que embala todos os medos e a trágica fragilidade do ser”.
Por isso, meu anjo, resolvi voltar ao blog e fazer postagens que funcionem como uma catarse. E mesmo que ninguém as leia terão o efeito de me fazer desabafar, de desalojar um pouco da imensa dor que por vezes me sufoca o peito.
É isto, minha amiga, que vim te dizer, como também agradecer pela generosidade das tuas palavras lá no meu cantinho. Mesmo virtualmente, tu és uma das pessoas que me são mais queridas neste mundo onde os amigos sinceros ficam a ocupar um lugar importante nas nossas vidas.
Lembras quando eu deixava sorrisos e estrelas no final de cada comentário? Hoje, meu anjo, não os tenho mais no coração nem no olhar, por isso a mão se recusa a deixá-los apenas como um registro, como a cumprir um ritual...
No entanto, dentro da afetividade e da consideração, posso sempre colher um beijo dentro do coração para ofertar às pessoas que me são caras... Assim como tu, menina linda, e o faço depositar com muito carinho dentro do teu lindo coraçãozinho.
Até a próxima!
Leninha
Luar, minha querida, desculpe o alongado comentário, mas me sinto tão bem 'conversando' contigo que até me esqueço do tempo...
esse mar com tudo para encantar...
e tanto tem dada e tanto para dar.
preservá-lo é imperativo.
um poema cheio.
*dado
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