Invade-me uma ânsia
desconhecida
que corrói até ao fundo da
alma,
um querer não querendo, uma
ferida,
que sangra numa mágoa calma.
O chão perde-se em espinhos
agudos
e o ar, rarefeito de
desencanto, suspira
por paz e harmonia: meus
escudos
contra a dor que a mim se
atira.
Invade-me este sentir sem
sentir,
um destino sem estrada, sem
chão,
este limbo de ir e não
partir;
Ficar. Oca, e vegetar em vão.
Invade-me o suceder dos dias,
o perpassar das noites escuras.
Todas as imensas memórias
frias
que foram vulcões de mil
juras
e nada mais são que negra
escória.
Voaram as borboletas de uma
luz desconhecida,
partiram as gaivotas em
memória
de um tempo passado; Vida
vivida.
Invade-me um pomar de
orvalhos,
que chove em brandos raios de
luar,
vou jogando e misturando os
baralhos
das cartas que ainda tenho
para jogar.
Invade-me uma desinvasão de Ser,
um Eu que já não sou, nem
tenho:
passa a vida por mim a
acontecer,
e eu parto… Não me detenho.
Invade-me este vazio de
invernia,
a alma recolhe-se em sintonia.
2 comentários:
Espero que este frio de inverno passe rapidamente, minha Amiga.
Um coração 'gelado' não palpita esperança.
Amanhã já não sentiremos as dores de hoje... e menos as de ontém.
É isso que o tempo tem de bom, o tempo esquece o seu próprio tempo.
Bom fim-de-semana num beijo.
Não há inverno que sempre dure...
Excelente poema, gostei imenso.
Minha amiga, continuação de boa semana.
Beijo.
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