sábado, março 25, 2017

COMBOIO DA VIDA - SEM DESTINO...APENAS IR.





É tempo de nada esperar - o comboio da vida segue,
linha fora; Pouca terra - muita terra.
É tempo de seguir sem nada querer. Que a chuva regue
os canteiros de sementes, os mares, os prados - a serra,
onde se escondem os momentos passados, vividos,
chorados, desejados, sonhados. Os sentimentos esquecidos.

É tempo de um tempo que já não conhece o tempo.
É tempo de dizer ao tempo; Caminha, passa, corre: voa!
Que eu quero passar igualmente, esquecer cada momento,
apenas porque já foi: passou. Mas das profundezas do tempo ecoa
a voz da memória, da saudade, do que já foi - e não mais é.
Acelera comboio da vida! Não pares em apeadeiros, segue com fé.

É tempo de saber escrever novas letras, acender outras estrelas,
de aceitar novos mares e barcos sem rumo ou passado,
de percorrer os mesmos caminhos com novos olhos, sem querelas;
Ser eu, apenas eu; Mais ninguém. É tempo do amordaçado,
é tempo do deserdado, do perdido e angustiado: do morto,
do vivo, do triste, do esquecido e do lembrado. Neste porto,
onde ancorei o meu degredo, é apenas tempo de deixar; Abrir as mãos e partir.

lágrimas de lua


7 comentários:

Flor de Jasmim disse...

Arrepiei e chorei, os teus poemas são tão profundos, tristes, mas adoro ler-te!

Beijinho minha querida.

LuísM Castanheira disse...

Ai, a memória...essa terrível existência do tempo, que nos deixa no meio da ponte. Um olhar no que se percorreu, e outro, no que há de vir e em frente fica, sem advinhar o que há-de ser.
Um bom domingo, Amiga, com um beijo.

Unknown disse...

Existiu este tempo... Existe este tempo... E sempre existirá!
Um tempo em que eu tanto quis que ele passasse, que corresse, que voasse, na esperança de que ao passar, o tempo pudesse levar as dores, as lágrimas, os lamentos, que a saudade ia marcando a ferro e fogo na minha memória... Mas estas súplicas o tempo não ouvia, pois é seu mister também fazer-se de surdo quando gritamos nossa revolta, fazer-se de mudo quando desejamos respostas, e fazer-se de cego para não ver as dores se espalharam como chagas ao nosso redor...
E como bem disseste, minha amiga, é “tempo do amordaçado, é tempo do deserdado, do perdido e angustiado: do morto, do vivo, do triste, do esquecido e do lembrado.”
É o tempo do tempo, o tempo de todos, o tempo de ninguém, dos acertos e dos contrastes, das dualidades, da unicidade, do ficar e do partir...
Luar, minha doce amiga, grata pelo carinho de estar sempre por lá, no meu cantinho, onde continuo a exorcizar lágrimas, saudades e lembranças, pois ainda não consigo escrever algo que não esteja voltado para este tema, onde a memória registrou um tempo de alegrias, de sorrisos e realizações a dois.
Como é difícil, meu anjo, escrever sobre alguma coisa que não seja aquilo que um dia foi vivido de forma tão marcante.
Sei que já se faz o “tempo de saber escrever novas letras, acender outras estrelas, de aceitar novos mares e barcos sem rumo ou passado, de percorrer os mesmos caminhos com novos olhos, sem querelas; Ser eu, apenas eu; Mais ninguém”, mas ao mesmo tempo em que concordo com o teu texto magnificamente poetizado, eu penso que não devo apressar o rio, deixar que ele corra sozinho, no seu tempo, pois tenho receio de que ao apressá-lo, ele possa inundar as margens ou secar o seu leito...
Tenho pensado em pausar o blog, ou até mesmo findá-lo, não apenas pela exiguidade do tempo que me faz por vezes estar em falta com os amigos que me visitam, como também por não haver variedade no tema do que escrevo. Acredito que acabo por cansar os amigos que me dão o prazer de ler as minhas postagens. Estou pensando seriamente sobre o assunto.
Quero registrar, menina linda, que para além do carinho que me chega nos teus comentários, existe uma admiração muito grande pelo jeito com que te expressas... Verdadeira poesia! Tens uma forma lindamente poetizada de compor os comentários, que me enternece e me faz cativa de um texto que até dá vontade de copiar e colar como se fosse uma postagem... Um roubo explícito e anunciado, rs. E o livro? Para quando? Estou no aguardo desta boa notícia.
Meus doentinhos já estão todos em casa, e graças a Deus todos passam bem. As atividades na clínica e nas casas de assistência é que tem me tomado grande parte do tempo. Mas até que não me desagrada, pois desta forma estarei sentindo que o comboio da vida está sendo acelerado, não parando em apeaderios, e seguindo o seu rumo com fé...
Minha querida amiga, que as horas dos teus dias continuem a ser preenchidas com os sorrisos dos anjos e as estrelas que estão sempre brilhando na tua alma.
Meu carinho num beijo no teu coração,
Leninha

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, é tempo de um tempo ser encarado pela realidade, guardar as boas memorias, aproveitar tudo que é tempo, para conquistar novas e belas memorias.
O poema é lindo.
AG

Jaime Portela disse...

Um poema inquietante.
Já que a partida pode ser definitiva. Ou não...
Em qualquer caso, um excelente poema, do princípio ao fim.
Parabéns pelo teu talento.
Bom resto de semana, querida amiga.
Beijo.

Luna disse...

O comboio da vida cai andando de estação em estação vai deixando memórias, algumas acompanham nos por todas as estações

Unknown disse...

Por onde andas, minha doce amiga?
Nunca ficaste por tanto tempo sem postar... Será que tomaste o comboio da vida e foste para longe sem nem ao menos nos avisar para que, de alguma forma, preparássemos o coração?
Sei que existe sempre um “tempo de saber escrever novas letras, acender outras estrelas,
de aceitar novos mares e barcos sem rumo ou passado, de percorrer os mesmos caminhos com novos olhos, sem querelas”... Será que aceitaste viver este tempo e se deixou levar, abrindo as mãos e partindo...?
Ah, minha querida, ainda não estamos preparados para sofrer a solidão de não mais ter a tua poesia a nos preencher de doçura o coração e encantar a alma... Ainda não estamos e nunca estaremos prontos para despedirmos de ti, pois deixar-te partir é perder o brilho que nos emprestaste ao olhar...
Acarinhaste a minha alma na meiguice daquele comentário tão pleno de ternura! E depois disto vim aqui várias vezes esperando encontrar uma nova postagem. Hoje, fiquei apreensiva ao não ver nada de novo por aqui, e percorri as outras postagens onde deu para notar que eram feitas em intervalos de uma semana. Mas lá se vão 3 semanas e nada de nova postagem... Espero, meu anjo, que tu estejas bem, e que esta demora seja por estar de férias, passeando, e que em breve tu voltarás... Assim espero e desejo de todo coração!
Deixo milhares de estrelas para iluminarem os teus caminhos, um punhado de sorrisos para enfeitar o teu olhar, e uma imensidão do meu carinho para te dizer o tanto que te gosto e como estou sentindo a tua falta...
Um beijo carinhoso no teu coração,
Leninha

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...