Há recantos por enfeitar e poeira por limpar.
Esta casa está vazia, no frio gélido do desencanto.
Abrem-se os olhos, mexem-se as mãos a esquadrinhar
os esconsos arrabaldes de uma vida sem espanto.
Toco a chuva com sonhos ávidos e lábios perdidos,
ensaio uma dança com passos líquidos, entorpecidos.
Pinto o rosto, de arlequim moribundo, enluvo a alma,
calço o coração com sapatos de penas e plumas
e visto a solidão com folhas ásperas de palma.
Pego na tela branca,
enfeito-a de auroras e brumas,
guardo, na caixa da memória, as curvas de uma estrada
que me cansei de ver, percorrer, imaginar: para nada.
Abri a casinha de chocolate, plantei o feijoeiro, calcei as
botas,
fui ao baile e não perdi o sapatinho: perdi as asas de
sonhar,
voltei ao lume e ao borralho, perdi a partitura - todas as
notas.
Compus de novo as letras, juntei todas as palavras a
arranhar
a vida, a sangrar o coração, a despir a alma em fogo gélido.
Há recantos por enfeitar e um pó aguado por limpar – fétido.
É apenas tempo de VESTIR O CORAÇÃO DE NATAL- se for
possível.
4 comentários:
Boa tarde, Pintou o belo poema com belas cores da estrada que percorreu e nada encontrou, só que estrada com muitas curvas ainda não acabou, com motivação consegue-se ultrapassar as curvas mais apertadas até se chegar à recta da estabilidade, do bem estar e da felicidade, é a vida que todos percorrem.
Feliz fim de semana,
AG
minha amiga,
porque as palavras são como o vento, lançam-se e não se sabe o efeito causado, não quero com elas agitar vendavais.
por isso e porque o poema - belo e inquietante - veste desilusão e sofrimento, achei por bem eliminar comentários anteriores.
deixo-lhe uma pequena estrela para enfeitar essa árvore da vida, em coração de natal.
que o universo lhe dê toda a energia merecida.
um beijo e boas festas.
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