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Porque choram os teus olhos, princesa?
Porque não entranças os teus sonhos de menina?
Calças sapatos de refulgente leveza
e envergas a capa de uma invernosa tristeza.
Os anos lavaram as mágoas nas águas dos teus olhos,
branquearam os sonhos em campo de “alecrim aos molhos”.
Do teu castelo altaneiro olhas os “lírios do campo”,
vês o tempo correr incessante, marcado em torto relógio.
“Meu Deus, é tarde, é tarde!” – ainda mal desponta o dia,
perdes graça, perdes vida, perdes o sonho à porfia.
Olhas cada nova madrugada, choras cada novo ocaso,
enrodilhado o coração, pergaminhada a tua alma,
entranças esperanças mortas com esvaziada calma.
Vês nuvens de cobre e de chumbo, mares fundos, praias cegas.
Vês os barcos partirem sem rumo; gaivotas de asas quebradas,
sonhas com um alvo unicórnio, histórias; lendas encantadas.
Desfias o rosário dos anos como contas de fino âmbar,
bordas a doce matiz o pano do teu embotado viver,
e juntas as horas e os dias cozendo-os ao teu sofrer.
Passam os tempos, passando, pelo teu rosto de flor,
definham os tempos, definhando, no teu corpo por colher.
Nesta vida que não vives, ficam palavras encolhidas - a
morrer.
Borda, linda bordadeira, princesa de um reino sem reinado,
tece um fio de ouro e prata, tece um sonho que é só teu.
Ah, princesa desterrada, não te afundes em breu!
Por quem choram os teus olhos, princesa?
Sai! Veste-te de
realeza.
lágrimas de lua