quinta-feira, setembro 20, 2007

DE MEU....NADA

Afinal que tenho eu de meu?
As estradas livres para passear, as praias abertas para molhar os pés em finais de tarde, as veredas da serra silenciosas e plenas de vida, para ouvir os meus passos lentos e cansados.
Olhos que ainda sabem ver as estrelas, o sorriso das crianças, o requebro das ondas nas rochas, o ondular das searas e das verdes copas. Ouvidos, para escutar o vento a passar rude nas cercanias dobrando os troncos velhos mas resistentes, para escutar o arrulhar meigo das rolas em namoro simples e sem trapaças ou mentiras, para escutar o silêncio imenso que me fala e me preenche.
Um coração magoado mas que teima em bater e fazer o sangue girar, e esse “outro coração” que secou mas que ainda teima em vibrar a cada beijo da aragem, a cada sussurro do mar, a cada toque das gotas de chuva, a cada pensamento terno que a alma envia.

As lágrimas que escorrem sem travão pelos olhos enevoados e sem cor, mas que ainda se voltam para o sol para que as duras lágrimas sequem e abandonem o seu posto de vigia.
E tenho esta alma idiota e sem tino que se prende a cada pétala de flor, a cada raio de luz, a cada olhar que passa, a cada dia que nasce, a cada noite que desce e a cada madrugada que se anuncia.
Afinal que tenho eu de meu?
Tudo e Nada, porque nada me pertence, de meu não tenho nada.

3 comentários:

Anónimo disse...

De teu tens tudo minha amiga. Tens o dom de saber apreciar todas essas coisas que enumeraste. Quantas pessoas tem ao seu alcance essas mesmas coisas e não sabem
vivê-las nem usufruir delas. Ah e tens amigos entre os quais me conto eu. Um beijo

Phantom of the Opera disse...

Não lembra a ninguém aquele Domingo isto vindo de gente que conhece...

Mas... enfim...

Belo texto, além do mais és linda...
Amiga

Beijo doce

Phantom of the Opera disse...

Tens os teus olhos e o teu sorriso.

Beijo-te suavemente para melhor adormeceres

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