quinta-feira, dezembro 22, 2011

DE NOVO NATAL...FESTAS FELIZES

Queria que este fosse um Natal diferente...

Queria que o coração voltasse à inocência da infância

que perdesse as manchas negras que a vida lhe pintou.

Queria que este Natal fosse de facto um presente

de olhar doce sem mágoa e sem ânsia

como o olhar puro da criança que a vida ainda não marcou.





Este Natal queria que o mundo parasse e olhasse o céu,

que as mãos se dessem de verdade e com magia,

que o perdão fosse sincero, que se rasgasse o espesso véu

do isolamento em que se vive, que se fizesse um hino à alegria.



Queria que este fosse um Natal diferente...

Queria....Queria tanta coisa simples e pequenina ..

Ou talvez eu queria o impossível porque perfeito.

Apenas posso desejar que o AMOR esteja presente,

que a AMIZADE seja a luz brilhante que ilumina

um caminho nem sempre correcto e sem defeito.



Este Natal de mãos abertas deixo que delas fluam

a simplicidade, a sinceridade, o amor e a paz,

e que num abraço fraterno tudo se misture num único voto;




FESTAS FELIZES e um NATAL VERDADEIRO











quinta-feira, novembro 24, 2011

PÉS NUS

Sob os pés nus, as folhas mortas,

os sonhos rasgados e as esperanças perdidas.

As águas presas entre estanques comportas

debatem-se por liberdades incontidas,

por espaços abertos e margens verdejantes,

por correrem sem tempo saltitantes.

Sob os pés nus o vazio hiante,

o espaço deserto de um inverno escuro,

e a melodia desconsertada e sussurrante

de um trilho apertado, despido e duro.

Vazias as mãos abertas, despido o coração

sem cor. Só o espaço atapetado de imensidão.


Sob os pés nus a vida flui somente...

quinta-feira, novembro 17, 2011

DEIXA.....



Deixa que os olhos da minh'alma te sigam

no escuro aveludado da noite fria,

e que as minhas mãos sedentas se prendam

nas tuas, perdidas e sem sentido.

Deixa que os meus íntimos sonhos te digam

o que a minha boca cala e não cria

e que os meus olhos cansados se rendam

ao devaneio de um luar consentido.


Deixa que o negrume envolva a vida

aninhando-a no seu intemporal seio,

no seu manto de silenciosa perdição.

Deixa que a noite desça dividida

e guarde toda a tristeza que a rasga ao meio,

que a viola sem dó nem compaixão.

Deixa que te toque sem tocar,

permite que te tenha sem ter,

abre a porta eternamente fechada,

deixa-me somente entrar.

Deixa que sem agitar eu possa ser

um balsamo silencioso, uma pétala intocada.



sexta-feira, novembro 04, 2011

MADRUGADA POR ESCREVER

Rompe a tempestade que ruge com um beijo,
afaga os cabelos do desalento com uma carícia,
cobre a solidão com o corpo quente do desejo,
toca a escuridão com o olhar que vicia.
Acolhe no teu peito desnudado as lágrimas frias
de uma nuvem que se desfaz no vento norte.
Grita no silêncio bravio onde anuncias
a nova madrugada de uma incerta sorte.
Rompe a profunda noite emudecida de vida,
rasga a bruma desta lagoa perdida
envolta em tenebrosa perdição.
Solta as velas do novo dia por nascer ,
abraça amorosamente o sonho por escrever
na palma aberta da minha mão.
Rompe o negro mar em convulsão
desfazendo-se em alva e altaneira espuma,
prende forte, em funda caverna, a solidão,
ilumina a penumbra que se esfuma
no toque breve da tua madrugada.
Deixa que os véus da aurora se desfaçam
nos beijos meigos de uma efémera fada
de pés ligeiros e diáfanas asas que traçam
raios de rimas e poemas na pele suada
.

segunda-feira, outubro 31, 2011

NEGRA NOITE FUGIDIA




A noite sobrepôs-se ao dia.


No breu estrelado e longínquo


uma estrela cintila lá no alto.


A envergonhada lua fugidia


brinca com o riacho ubíquo,


docemente escorrendo pelo basalto.




A voz murmurante do negrume


veste a alma errante de poesia,


faz com que o vazio se esfume


e enche a noite de magia.


Aconchega nas mãos negras e cálidas


os corações em agonia,


cobre com o seu manto de rosas pálidas


esta nocturna sinfonia.




A noite desceu mansa, silenciosa,


prenhe de segredos e desejos,


de sonhos e desenganos.


As mãos postas em prece ansiosa


soluçada de perdidos ensejos,


ecoa na noite como vagabundos insanos.




Oh! Negra noite fugidia...

sexta-feira, outubro 21, 2011

ATÉ SEMPRE



Quando a luta é desleal e as forças cedem
quando as treguas são sinal de ser vencido,
abre-se um fosso onde os sonhos se perdem
a esperança se afoga, e tudo termina rendido.



A vida é um sopro de aragem breve,

é uma gota de orvalho tremeluzente,

é um suspiro de anjo num adejar leve

é um luar branco e transparente.

Abrir as mãos e deixar partir quem parte

é duro. As lágrimas de desilusão e dor

são companheiras de quem fica à parte

tratando as feridas do futuro sem cor.


O outro o lado do espelho é o outro lado da vida ,


de lá fica o sorriso de despedida,


de cá as lágrimas da saudade


à espera que o tempo traga a suavidade.

Até sempre

domingo, outubro 16, 2011

AUSENTES...

Como um grito na noite escura
a ausência dói,

como o sonho que vem morrer

na maré do tempo passado.

Perdido.





A verdade é como a adaga dura,

como a mó que mói

o sentimento que teima em sobreviver

e se lança contra o rochedo calado.

Emudecido.

Pássaro negro de olhos em fogo,

quantos sonhos rasgaste a rogo

de um destino embravecido?

De um mar louco, enraivecido?

Quantas lágrimas de sal por enxugar,

quantos mais sonhos ainda irás matar?

Como um grito na imensidão da vida,

vazia de esp'rança, plena de certezas,

vulcão de dor, lava de desalento.

Caída na areia húmida, enegrecida,

banhada pela fria lua das profundezas

da ausência e do esquecimento...


Como um grito na noite acesa






segunda-feira, outubro 10, 2011

ROSA DESFOLHADA




Passo a passo, luta a luta,

riso e lágrima, dor e alegria,

das pequenas coisas se faz a vida.

Entre a mansidão e a força bruta,

o caminho faz-se assim de parceria,

de trocas e sonhos, de esperança dividida.



Passo a passo em cansados tropeções,

em doces e vãs ilusões, egoísmo e cobardia.

A vida é barro moldável em constantes convulsões,

mãos a trabalham, dão-lhe forma no dia-a-dia.




Um ano, mais um ano, mais uma pétala caída,

mais uma flor desfolhada e uma lágrima sentida

caindo em mansa aceitação.

Uma rosa rubra de luta rasgada e perdida,

e mais uma onda para levar de vencida

em constante provação.

terça-feira, setembro 27, 2011

MENINA-MULHER



De peito erguido e nu, de mãos abertas e sedentas a luta torna-se feroz.

De alma forte, olhos em fogo, e coragem infinita, a luta é renhida e atroz.




Menina-mulher, rosa por desabrochar que a vida obrigou a definhar,

exemplo de animo, de força desconhecida e imensa que tiveste que conquistar.




Entre o sorriso e a lágrima, a coragem e a desilusão, a força e a solidão

de uma luta sem tréguas, onde as armas são tão desiguais. Há sempre uma razão

para não virar costas, para erguer o peito nu e abrir as mãos sedentas de vida.




Há sempre um novo amanhecer, uma noite de lua cheia e de luar prateado,

de calor de um verão imortal, de flores a perfumar o ar quente e ensolarado,

há sempre mais uma restea de força, de esperança que jamais será perdida.




Num circulo de luz, onde as mãos se dão com força, as preces se elevam,

os olhos se embaciam e os corações em compassada harmonia se sublimam.




Neste circulo estás tu - Lutadora, menina-mulher.

quinta-feira, setembro 22, 2011

TODAS AS MARÉS



Se olho para trás, se olho para a frente, somente o vazio me acolhe.


Se olho para os passos que dou, apenas o pó se cola aos pés.


Depois da plenitude vem sempre a queda e só ela me recolhe


nos braços amantes de quem conhece todas as marés,


todos os ir e vir sem rumo certo, sem consistência ou futuro.


Até quando esta caminhada, este rumar a uma meta incerta?


Até quando este vendaval de sentimentos que se abate duro


sobre mim? Sem medida, sem solução, sem decisão certa.


Este limbo estranho e descolorido, onde impera o cinzento,


é o vestido que me cobre o corpo abandonado e vazio,


que se amordaça a si mesmo no silencioso lamento


de um beijo que se perdeu no caminho longo e frio.

sexta-feira, setembro 16, 2011

ASAS DO SILENCIO



Errante. Errante numa estrada sem fim,


onde os passos se perdem na imensidão


de um silencio verde com asas de querubim.


Errante. Errante na desolada solidão


de vozes sussurrantes, longínquas


e soluçantes de vazios loucos, perturbantes.


Errante, somente errante de vidas obliquas


e sonhos mágicos de poetas-amantes.


Errante. Tristemente errante em terra de pó.


Olhos glaucos de penumbra sombreados,


no chão a pegada heroicamente só,


e das mãos abertas caem os sonhos definhados.


Errante...Errante...Errante e só.


terça-feira, setembro 06, 2011

NOITE SEM PEJO



Quando a lua descer sobre a imensidão do desejo,

quando as estrelas explodirem em mil estilhas,

e o grito rasgar a noite sem pejo.




Quando as mãos sofregamente se tocarem

e as lágrimas redondas das partilhas

descerem mansas pela face e se entregarem.



E quando os corpos sem barreiras se doarem

nos doces lençóis da madrugada,

e banhados pelos raios de sol entoarem



a melodia suave da efémera felicidade,

deixando a indelével marca enrugada

de uma vida sem saída.



Então o noite será um fulgurante momento de intensa e breve euforia.



sábado, agosto 13, 2011

COISAS TÃO PEQUENAS



Coisas pequenas, tão pequenas, deixam marcas, grandes e doridas marcas.
Parecem insignificantes na sua pequenez, minúsculas e parcas,

e no entanto abrem fundos sulcos como corregos sofridos e duros.

Como grilhetas, ferros, mordaças e inescaláveis muros

de calada dor e imensa solidão, de luta renhida sem fim à vista.

Coisas pequenas de longas sombras, e na onda, bem lá na cinzenta crista

equilibra-se o desespero e a esperança, a luz e a sombra, o sol e lua,

a vontade e o abandono, o amor e o ódio, e esta verdade nua e crua

que marca cada passo, cada suspiro, cada dia e cada noite...

São coisas pequenas, mas tão pequenas e no entanto...

Tão imensamente presentes, tão intensamente marcantes,

tão desesperadamente torturantes.

Coisas pequenas, tão pequenas....

terça-feira, julho 26, 2011

PONTE POR ATRAVESSAR

Entre o sorriso e a lágrima há uma ponte atapetada de pétalas rubras.

Há a cumplicidade do querer, o desejo do amar, a aridez do não ter.

Entre o sorriso e a lágrima ficam as lutas e as feridas de guerra,

ficam os beijos, as caricias, ficam os sonhos por realizar,

e as cores do arco-iris por pintar. Ficam as mãos em espera desertas de outras mãos que as possam apertar.




Entre o sorriso e a lágrima há esta ponte que atravesso

pisando as rubras pétalas, cumprindo a aridez do não ter,

vivendo a cumplicidade do querer e abraçando o desejo do amar.



Entre o sorriso e a lágrima...Há um coração a pulsar.

quinta-feira, julho 21, 2011

APENAS SEI

Apenas sei escrever , apenas sei ter sentimentos.



Apenas sei fugir, e esconder os meus momentos,



apenas me sei resguardar ciosamente,



esconder o pouco que é meu completamente.



Apenas sei escrever; pouca coisa realmente!



Só sei ter sentimentos, e isso que é, sinceramente?





Vou tentando ser diferente, a isto se chama viver,



um lutar eterno constante, cair, levantar e combater.



Mas nada mais sei fazer, apenas escrever e sentir,



foram dons que Deus me deu para poder repartir.



A vida tornou-me uma concha dura de abrir e entender,



talvez pelas palvavras e sentimentos eu me faça perceber.







Mas...Apenas sei escrever e sentir, sentir e escrever,



no fundo é assim que sei viver.

quarta-feira, julho 20, 2011

ERA UMA VEZ...MAIS UMA VEZ

Era uma vez... Outra vez.


E mais uma vez se repete,


parece que a vida se compraz a ir e vir,


somente.


Era uma vez, outra vez


e é assim que compete


a cada um de viver e sempre andar e sorrir,


eternamente.


E era uma vez, outra vez,


Lá para onde se remete


tudo o que não queremos ver nem sentir,


concretamente.


Ah!Mas era uma vez e desta vez


nada será como foi, já mais nada se repete


a vida está de fugida, faz as malas p'ra partir


e uma ultima vez olha para trás tristemente...


quinta-feira, julho 14, 2011

VESTIDO DE ESPUMA E OURO



Acordei em verde leito


feito de sonhos e encanto,


de trinados soluçantes



a rebentar no meu peito.


Vesti-me de espuma e espanto,


de raios solares cintilantes


a reverberar no escuro


deste túnel frio e sozinho.


Entrancei o meu cabelo


com fitas de ouro puro,


perfumei com rosmaninho


este corpo em duelo.


Calcei as sandálias de vento,


Eolo brincando no céu,


abri as asas do desencanto


voguei perdida sem tempo,


cobri-me de denso véu


tecido de mágoas e pranto,


tecido de enganos meus.



quinta-feira, junho 23, 2011

COMO SE FAZ UM CAMINHO?




Quando a luz não rompe a escuridão



e o silencio nos toma pela mão



como criança perdida no caminho,



o que fazer para não perder o rumo?



Quando a dor vem à tona de mansinho



e abrindo a ferida mais um bocadinho,



deixa escapar todo o inverno,



o que fazer para se manter o prumo?



Quando a noite cai estrelada e fria



e a estrada fica ainda mais sombria



agrilhoada e presa num imenso inferno,



o que fazer para olhar o amanhã?



Como se espera por outro amanhecer



quando só o breu envolve todo o meu ser?!

sábado, junho 18, 2011

EMPTY NEST





Como um iceberg em que a ponta se eleva imaculada sobre as águas geladas e profundamente negras.






Como a trovoada seca, cujos raios riscam o céu plumbeo de nuvens prenhes de uma água que tarda em cair.






Como o abismo que desce, desce, desce...e guarda o mais profundo dos silêncios, a mais violenta de todas as dores.






Como o vazio glauco de um dia sem história, cortado por um vento abrasador que destroi tudo à passagem.






Como a tempestade que açoita fustigante a mole rochosa de um sentimento que luta ainda, mas se abandona a cada nova vaga.









Um suspiro de anjo preso num brisa suave. Um voo breve de uma andorinha solitária. Uma restea de sol sobre as águas ao final de um dia. Tudo tão fugaz, tão breve...Como um pensamento

sexta-feira, maio 27, 2011

MEIA VIDA



Aprendo a viver meia vida, como a vida permite,
com o coração dividido entre o querer e não querer,
nada é como se sonha, tão pouco como se admite.
A luta é um caminho sem luz por percorrer,
aprendo a viver meia vida, assim me deram sem escolha,
e oscilo qual baloiço de menina, entre o sim e o não.



Sou como a borboleta que, presa, através do casulo olha,
olha sem ver, sem esperar e a um tempo esperando em vão.
Aprendo a viver meia vida, nesta vida sem parar,
onde me esforço por não ver, não sentir e não pensar.
Aprendo a viver meia vida seguindo as pegadas do vento,
como folha sem rumo, como bruma ténue na alvorada
onde me perco, me embrulho e me sento,
onde vivo e me encontro sempre nesta encruzilhada
de viver apenas meia vida, caminhando dividida
entre o sonhar e o acreditar, e a esperança perdida.

quinta-feira, maio 26, 2011

COMO LÁGRIMAS




As nuvens encobrem o sol, os pingos descem como lagrimas.O cheiro a terra molhada eleva-se no ar matinal e acabado de acordar. As andorinhas esvoaçam e cantam fazendo voos razantes. O mundo parece ter-se levantado com uma paz morna e bela







Como é posssivel que tudo pareça tão belo e na realidade seja tudo tão estranhamente vazio?

segunda-feira, maio 09, 2011

MADALENA (cont)



A mentira de Madalena é sempre descoberta, é posta em cheque e apontada como mais uma falha sua. Lidar com os seus sentimentos é das coisas mais difíceis. Por um lado é o sabor do fracasso, por outro a revolta de ser controlada com coisas que são apenas e só suas. A sua vida é sua para viver, e tem que ter o espaço para contar ou não algo dela. Coisa que não é entendida; “A amizade é incondicional, porque não dizes as coisas, porque queres ter segredos? Sempre dissemos que entre nós contávamos tudo!”- esta e outras frases são constantes a cada novo trambolhão, a escalada de tentativas sucessivas de saber mais e mais da sua vida, de a obrigar a contar cada pormenor são um tormento entre as duas.

Uma tem medo de cada coisa que não conta ou inventa, a outra tem uma preocupação quase mórbida de a forçar a não sair do caminho.
A confiança de outrora morre. Madalena força-se a mudar a sua atitude, cai, levanta-se e volta a cair, não é fácil contrariara uma vida de fugas, mas essa amizade vale mais que tudo na vida. Esse grão pequenino que ambas um dia lançaram à terra e que germinou vale tudo. Num esforço que aos pouco vai tentando que seja menos esforço e mais normalidade, vai dando passos na tentativa de reconquistar o que perdeu por suas próprias mãos. O caminho não é fácil, até porque cada uma tem a sua personalidade e ambas são duras. Só mesmo a imensa amizade que as une tem forças para levar por diante a luta que travam. Uma por se manter fiel à sua promessa de não mentir e contar as suas coisas com naturalidade, a outra por deixar de querer saber tudo, por aceitar que há aspectos que não tem que saber, que há momentos que não lhe interessam, por ir perdendo a desconfiança que sempre salta ao mais pequeno sinal pouco normal, ou comum. Ambas se esforçam e lutam denodadas para que a sua amizade não morra e perdure….


A vida dará a resposta….Num futuro...

MADALENA



“Como se pode ser assim”?



Era esta a pergunta que ainda ecoava nos seus ouvidos à medida que seguia com cuidado as curvas apertadas da estrada, que fizera vezes sem conta. A precisão das voltas no volante obrigavam-na à concentração mas o seu cérebro corria a mil à hora pelos acontecimentos últimos a que estivera sujeita.Com uma história de vida complicada, senhora de uma vontade forte e de uma força que muitas vezes desconhecia, Madalena, refugiara-se havia muitos anos atrás numa mascara que jamais havia posto em causa, sempre utilizara e achara que tinha toda a razão de ser. Desde cedo a vida a empurrara para resolver problemas sozinha e apresentar soluções. As questões sobre como o fizera, como ficara e o que lhe fora exigido jamais haviam sido colocadas, e quando o eram a sua preocupação máxima era a de não mostrar o quão frágil era, e sempre pelo contrário mostrar a face de uma rapariga forte, com capacidade para aliviar os outros e seguir em frente sempre sem dúvidas, sem medos, apenas com certezas e boas resoluções. Aí começara sem que se apercebesse a sua faceta mentirosa. Mentia porque era insegura e não admitia, mentia porque não mostrava que precisava de ajuda e que era nova demais para ter aos ombros tamanho peso, mentia porque se mostrava sempre bem e no fundo cavava em sim um fosso que anos mais tarde iria ser um grave problema com o qual iria ter que lidar igualmente só. Cresceu, os anos passaram, as responsabilidades aumentaram e as exigências igualmente, o seu espaço pessoal era reduzido, mas a necessidade de o ter para se manter lúcida crescia com o rodar dos tempos. Mais uma vez sem se dar conta do que fazia, alargou a mentira, fê-la sua amiga para todas as ocasiões. Mentia porque precisava de explicação para alterar o seu horário, mentia porque a pressionavam com coisas que não queria fazer, mentia porque se intrometiam no espacinho minúsculo que aos poucos ia conseguindo. Mentia porque idealizava uma vida que jamais teria. Mentia aos outros mas muito mais a si própria. Um dia deixou entrar na sua vida alguém muito especial, alguém que a tocava profundamente e em quem suscitara um sentimento e uma entrega ideal que na vida jamais existe. Ninguém é totalmente claro, totalmente sincero e mostra tudo sem restrições de si próprio. No entanto ver uma criança crescer e dar-se inteiramente tem os seus riscos; Esse ser admira-a, faz dela o seu ídolo a pessoa ideal que quer ser quando crescer…”Quero ser como tu, mesmo!”. Um dia esse mundo de fantasia quebra-se, desmorona-se e torna-se um inferno entre ambas. A desconfiança permanente destrói uma e arrasa a outra. O relacionamento lindo, espontâneo, forte e doce, único e idílico perde toda a sua magia todo o seu encanto. A pressão que exerce sobre Madalena é cada vez maior e mais insuportável; Por um lado não quer destruir mais nada do que já destruiu, por outro a sua constante necessidade de fugir de não permitir que saibam nada de si, da sua vida que é complicada e estranha, das suas fraquezas e dos seus medos, das suas quedas, empurram-na sempre e mais para a mentira, umas após outras numa luta inglória para ter sossego, espaço para ser o que é. Uma mulher estranha, isolada e virada para si que se esconde na entrega aos outros para não pensar em si, nas suas coisas, na sua própria vida. O resultado é um desconforto e um relacionamento deteriorado a cada instante que passa. Dói-lhe a desconfiança da filha que adoptou, daquela mulher que a acompanha na vida e que viu crescer e desenvolver-se, de quem tem inúmeras provas de afecto de carinho de apoio, caminham juntas desde que ela nasceu conhecem-se na perfeição e isso tem duas faces. Por um lado ajuda nos momentos mais difíceis de ambas, por outro permite com muito pouco saberem o que se passa.

VERDADEIRO / FALSO

Verdade ou mentira?

O que é uma e outra, viagens entre o cá e o lá,


sonhos e fantasias que se querem reais e não são,


desejos que se ancoram ao coração vazio que dá



passos sem rumo, olha entre a bruma sempre em vão.

Verdade ou mentira?


Viver de mentiras ou arrastar as verdades pela vida.


Colorir o incolorivel, desejar o impossível,


abrir as mãos ao vazio da espera sempre dividida,


e acreditar que um dia, quem sabe, algo será mesmo possível.


Verdade ou mentira?


Mentira ou verdade?


Viver com ambas e perder-me na ambiguidade,


o que é mentira final? Onde está a verdade?


No escuro corredor apertado da moralidade,


no valor mais alto de quem julga a realidade?


Mas o que é a verdade, a mentira, a realidade,


a moralidade? O que é este grilhão a meus pés?


O que fiz dos meus caminhos de ansiedade,


que traços deixei na minha tela e o que fez


de mim o que sou?


Verdade ou mentira?


Ambas fazem parte da vida...


Respostas a um simples teste; V/F

sexta-feira, maio 06, 2011

UMA VIDA....




Há uma vida sem explicação


que corre pelo tempo à desgarrada.


Não pára, não espera, não vive sequer.


Flui ao sabor das horas, de cada empurrão


que sofre, segue sempre desvairada.


Não olha, não escuta, nem percebe o que quer.


Atrapalha-se, mistura-se, complica-se.


Repete-se, esquece-se. replica-se.


Há uma vida sem amanhã,


que corre pelo caminho às cegas.


Não sabe, não sonha, não espera mais nada.


Passam os dias e cada manhã


é igual à noite. Indiferente se afirmas ou negas.


É tudo água da mesma levada.


Há uma vida que corre louca


sem tempo, espaço, medida ou noção


Há um prece que já soa rouca


de tanto se rezar com devoção

domingo, março 20, 2011

ENGANO

Saber o que está para além,

escondido atrás de cada fachada,

olhar sem perceber o que tem

cada olhar, cada mão fechada.

Pensar que se conhece alguém

como a palma da nossa mão,

e no fundo, saber que ninguém

se conhece neste imenso mundo cão.

Querer perceber o encoberto,

querer ter certezas sem sentido,

querer ter por certo o incerto

e saber caminhar mesmo perdido.

Tentar arrumar onde não doa

tudo o que se sabe e não sabe,

mas se uma simples palavra soa,

parece que já nada mais cabe

na gaveta da arrumação.

E volta a luta e a repetição

dos mesmo passos e gestos

para arrumar na gaveta

o que se acha saber. Os restos

da musica e a letra

da velha e gasta canção,

das palavras, dos olhares,

dos sonhos e desilusão.

dos momentos aos milhares

que ficam sem solução.

E tudo por se querer não pensar,

não perceber, não olhar.

E no fundo querer encontrar

o que está para além da fachada,

onde não nos é franqueada

a simples e desejada entrada.


sexta-feira, fevereiro 11, 2011

IRMÃS DE VIDA


Se uma corola tomba e uma flor emudece

não termina a Primavera.

Se o sol se esconde atrás da nuvem escura

não termina o quente Verão.

Se um sorriso se apaga e um rosto não floresce

não se acaba uma amizade.

Se num deserto prevalece um rasto de secura

não se acaba a beleza.

Se a distancia se impõe testando a vida

não termina o sentimento.

Se é preciso a força para vencer a ausência

há que tê-la bem presente, irmãmente dividida,

para que não seja impedimento

mas vida nova, coragem , e prova de persistencia.


Ergo a minha taça a um "voo".

Elevo uma prece de "bom sucesso".

Espero no silencio recolhido de um coração.

sábado, janeiro 15, 2011

COMO LÁGRIMAS DE LUAR


Como lágrimas de lua

caindo como cristais,

assim foi minha alma nua

nas tuas mãos especiais.

Dei-te a alma, dei-te a vida,

dei-te o coração e o sonho,

e tu, sempre de partida

como um sorriso tristonho.

Dei-te o amor sem limites

e a vida sem restrição,

mas nem isso queres ou permites.

Foi somente uma ilusão;

Como uma lágrima de luar.

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...